Rafael Dias Belo - Foto: Acervo Santa Morena |
O músico Rafael Dias Belo, natural da mineira São João del-Rei, concluiu Licenciatura em Música e habilitação em violino pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Com uma veia artística admirável, Belo foi mentor de apresentações musicais que marcaram a contemporaneidade sanjoanense.
Rafael, quando começou sua paixão pela música?
Não recordo de um momento específico, minhas primeiras lembranças já
envolvem música. Toquei bateria e violão ‘de ouvido’ até que aos 15 anos,
quando voltei de Belo Horizonte pra São João, ingressei no Conservatório e por curiosidade
me inscrevi em violino. Ali eu comecei a estudar teoria e o instrumento,
conheci as orquestras, toquei percussão, fiz amigos de bandas e a paixão pela
música cresceu e ficou!
Porque escolheu o Curso de Música da UFSJ?
Foi inevitável. Até cogitei o curso de Psicologia, mas mudei de idéia aos
45 do segundo tempo, ao voltar do meu primeiro festival de música, a "Semana de
Música de Ouro Branco". A decisão demorou porque o terrorismo que se faz sobre
a vida do artista é grande, principalmente para o vestibulando de 17 anos. Mas
a escolha por música já estava feita inconscientemente há muito tempo. Escolher
a UFSJ deu-se pela chance maior de ser escolhido, já que o curso era novo e eu ainda
iniciante. E também por morar em São João e ter família lá.
Fale um pouco sobre sua participação em grupos musicais na cidade de
São João del-Rei.
Focando a sinfônica de São João del-Rei, ingressei na Lira Sanjoanense para
aprender a tocar em orquestra. Anos depois, já na Sinfônica, ingressei na
orquestra Ribeiro Bastos, a qual até hoje visito. Toquei fagote e percussão na
banda sinfônica do Conservatório e toquei bateria em bandas da cidade. Fiz
parte dos grupos de câmara e orquestras da UFSJ, além de grupos novos da região, como Capela del-Rei, Orquestra Pró Arte Jovem (OPA), música para eventos, etc.
Como nasceu o Santa Morena e qual é o estilo musical?
O Santa Morena nasceu aos poucos. O início deu-se na brincadeira. César,
Max e eu sempre fomos amigos e brincávamos de criar músicas, tocar juntos. Os
dois (César e Max) foram chamados pra tocar em um almoço um dia e criaram
alguns arranjos. No concerto de formatura do César os dois me pediram pra tocar
Cajon na música ‘Eleanor Rigby’ dos Beatles, que eles tinham arranjado. O
resultado musical ficou marcado em todos. Quando o César voltou da Suécia, em
meados de 2011, falávamos em montar um grupo, pra fazer aquilo de novo. Chamei
o César pra tocar comigo a música ‘Santa Morena’ do jacob do Bandolim no meu
concerto de formatura. Lá também esteve o André Mendes tocando percussão. O
embrião estava gerado.
Santa Morena no "show da virada", em Tiradentes (MG) |
Em Janeiro de 2012 pensamos em chamar o André, que já era amigo meu de
longas datas, para montar um show. Marcamos uma noite no ‘Aluarte’, bar de
Tiradentes, durante a ‘Mostra de cinema’. A moçada gostou muito do trabalho,
enchemos a casa e nos convidaram para fazer os finais de semana que se
seguiram. O ‘Santa Morena trio’ agora transformava-se em quarteto, passando a
chamar apenas ‘Santa Morena’. Tentamos levar nosso Showcerto (Show com
concerto, como costumamos brincar) para a programação do Inverno Cultural da
UFSJ, mas não fomos aceitos. Por conta própria organizamos um concerto de
estréia no Teatro do Conservatório de São João del-Rei em Maio de 2012 e mais uma vez fomos surpreendidos pela
resposta em quantidade e calor do público. Dias depois fomos convidados a nos
apresentar no Inverno Cultural. A partir de então ficou sedimentada a idéia e o
grupo ‘Santa Morena’ se encontrou.
Da esquerda para a direita: Rafael Dias (violino), Max Sales (violões e viola caipira), André Mendes (percussão e efeitos) e César Diniz (flautas) - Foto: Acervo Santa Morena |
Quantos músicos fazem parte da banda?
São quatro integrantes: César Diniz (Flautas), Max Sales (Violões e
viola caipira), André Mendes (Percussão e efeitos), Dias (violino).
O Santa Morena é um excelente projeto?
Sim. Porque funciona como pesquisa, musicalização do grande público,
laboratório de testes para nós músicos e principalmente encontro pessoal e
diversão para nós como amigos.
Quais as principais dificuldades encontradas na profissão?
Dinheiro e falta de profissionalismo. A pouca valorização do
trabalho do artista independente no Brasil está nas vistas. É preciso muito
estudo, investimento financeiro, finais de semana trancados em quartos, ônibus,
albergues... para poder crescer como músico. É preciso abrir mão de muita coisa
importante pra conseguir realizar um trabalho de qualidade (não nos juntamos
horas antes do show, são dias e dias). Daí você chega com seu trabalho em uma
bandeja e percebe que tem de esperar horas pelo técnico de som e "lutar com
ele", andar atrás de uma água, varrer o chão (é sério isso!), tomar
banho correndo e ainda fazer uma apresentação com energia e simpatia. Se não
houvesse amor, não haveria música. Essa falta de profissionalismo, falta de
vontade de fazer seu trabalho bem feito atrapalha e muito o artista, porque ele
depende muito dos outros pra mostrar o seu próprio trabalho.
Para conseguir espaço para tocar, gravar é preciso ter um bom agente, um
produtor, empresário e esses precisam ter influências. Imagina como é difícil
pra nós que somos independentes e não temos ninguém, pode-se dizer impossível. Mas
o Santa Morena tem esperança no trabalho de qualidade, que pode abrir portas
além mar. Somos um grupo novo, mas com visão do que podemos ser.
Santa Morena - Foto: Juninho Belo |
Para contratar o Santa Morena e mais informações:
(32) 9118-9092 / (32) 3372-6768 - falar com César.
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