A Arteterapeuta, Vera Gomes |
Paulista e descendente de portugueses, Vera Gomes é formada em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), Pedagogia e Especialista em Arteterapia, pela Universidade Paulista (UNIP).
Cheia de talentos artísticos, seu hobby é o trabalho.
Leitora voraz, tem como preferência títulos ligados à psicologia, mitologia e ocultismo.
Dificilmente lê um livro na sequência escrita. "Leio o que me interessa no dia, por isso acabo lendo o mesmo livro várias vezes, só que aos pedaços", comenta.
Vera é apreciadora da natureza, desde o vento até os maremotos, "mas prefere as marolas", ressalta.
Sobre esportes, a arteterapeuta diz bem humorada, "Como diz uma frase que li outro dia: sempre penso em fazer caminhada, mas quando lembro que é a pé... e simplifica: gosto de andar, a pé e de bicicleta, mas quase não faço."
No mesmo esquema da caminhada, adora cozinhar e faz isso muito bem... "mas quando lembro que é preciso lavar a louça.."
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O que é Arteterapia e como chegou à ela?
Fiz
uma viagem a Portugal em 2008 e visitei o lugar onde meu pai pastoreava
suas ovelhas quando menino. Esse lugar chama-se Montesinho, hoje é um Parque
Ecológico. Se existem pequenos "Universos Oníricos" na Terra, lá é um
deles. Meu pai com quinze anos, sentado naquelas pedras se perguntava: minha vida vai ser só isso? Então, quando estive lá com meu pai e meu
filho, me vi sentada numa dessas pedras e a mesma pergunta tomou conta
de mim. Assim que voltei ao Brasil procurei um curso que fosse de
encontro às minhas afinidades e por causa da foto de uma lanterna das "festas da
lanterna da escola Waldorf", fui parar num site e daí, no curso de
Arteterapia. Na época eu tinha quarenta e cinco anos e fechei uma escola com treze anos de atividade, para me dedicar somente à costura como arteterapia. *
Nesta ocasião abri meu próprio Ateliê, o Pano Encantado, para
produzir bonecas, painéis de histórias, ministrar cursos e oficinas de
criatividade. Neste ano oficializei como empresa e nosso site
oficial está nos ajustes finais.
Montesinho (Portugal), local onde o senhor Antonio pastoreava suas ovelhas |
Quais os benefícios que as pessoas recebem através da Arteterapia?
É preciso que saibam, arteterapeutas não são necessariamente psicólogos. Oficina de criatividade é o nome que alguns de nós, arteterapeutas, damos aos encontros (sessões). O processo visa "despertar", levar a insights que às vezes são
significativos e conclusivos durante a própria vivência. Outras vezes, o
que foi despertado pode sugerir a necessidade do acompanhamento de um
psicólogo, isto se for do desejo da pessoa levar adiante o processo de
auto conhecimento. Na Arteterapia não falamos em "alta". Pode-se fazer um
trabalho de tempo indeterminado ou com tempo pré determinado, por
exemplo, oito ou dez oficinas. Elas são planejadas pelo arteterapeuta
baseadas nos pontos chave detectados numa prévia entrevista com o
cliente. As oficinas têm que se adequar às necessidades de cada um e têm uma sequência exata e proposital. Como numa história, têm
começo, meio e o objetivo/fechamento, tanto a oficina única como o conjunto de oficinas. Os benefícios abrangem todos os
aspectos da saúde física e emocional, visto que na maioria das vezes
estão ligadas. A grande vantagem e mérito da Arteterapia é que através da arte é
praticamente impossível esconder ou manipular. A arte faz aflorar as
mensagens mais profundas do inconsciente mesmo que a pessoa esteja
determinada a "disfarçar". (Experiência própria pois a formação do
Arteterapeuta consiste principalmente em ser o "cliente" durante o
curso.) Um conflito interno que poderia levar anos para aparecer numa
terapia tradicional, pode aparecer de imediato numa única sessão de Arteterapia.
Como funcionam essas oficinas?
Criamos oficinas para idosos, principalmente comprometidos por doenças
crônicas. Elas não precisam (e nem devem) estimular planos para um futuro a
longo prazo. Isso poderia ter um efeito contrário. Em vez de estimular a
vontade de viver, apesar de, poderia causar frustração e depressão. Já
oficinas para um grupo de ex dependentes químicos, recomeçando projetos de vida,
devem incluir recursos expressivos que levem à essa disposição.
O
arteterapeuta seleciona técnicas simples de pintura, escrita, criação
de jogos, dramatizações, modelagem, recorte, costura e todo o "fazer"
que ele considere significativo para aquele indivíduo ou grupo. Após o
fazer há a conversa. Fala quem quer. Geralmente todos estão ansiosos por esse momento, porque a "criação consciente" já fez uma parte do processo
terapêutico; trouxe para fora o inconsciente. À partir daí o
arteterapeuta começa a funcionar não mais somente como orientador, mas
como alguém que enriquece o processo decodificando símbolos em vertentes
variadas. Porém ele não é e não pode ser um interprete do processo
individual. Quem interpreta a "mensagem" é o "dono" dela. O
arteterapeuta dá as ferramentas e os ingredientes e a pessoa usa as que
precisa.
A Arteterapia é indicada a qualquer pessoa que deseja se conhecer melhor, viver e conviver mais
harmoniosamente e consequentemente melhorar sua saúde física.
Vera e aluna em oficina de bonecas |
Qual o papel das bonecas Waldorf na Arteterapia?
Fazer bonecas é uma das atividades manuais mais antigas da humanidade.
Seja de troncos, pedras, argila e mais tarde panos e fios. Acho isso
encantador e enigmático. O que, em comum, leva cada um desses artesãos a
representar fora de si a imagem de si mesmo? Fazer uma boneca,
especialmente uma Waldorf, é bastante terapêutico porque nesse fazer
cada um acha algum significado para sua própria representação. Se é um
recurso expressivo e é terapêutico, é arteterapia. Escolhi as de estilo
Waldorf porque são feitas de material natural. O cheiro, a textura, as
cores por si só já são estimulantes. E elas são montadas levando em
conta formato, densidade e proporções do corpo humano, isso aproxima (às
vezes não) o artesão do significado de sua obra.
Vera e boneca Waldorf |
Qual o retorno obtido com a prática da Arteterapia?
Aprendo
muito com as histórias que as pessoas contam nas oficinas assim como
com as reações e sensações diferentes que afloram durante a montagem da
boneca e também nas aulas de patchwork e bordado.
Uma
vez uma aluna ao se despedir após uma oficina de bonecas, disse que
estava se sentindo do mesmo jeito que se sentiu quando saiu da
maternidade. Como dizem...isso tem preço?
Boneca Waldorf |
Qual a importância da Arteterapia em sua vida?
O curso de arteterapia, com suas oficinas de criatividade e os
professores muito especiais que tive, ajudaram-me a de um sobrepeso de doze quilos em um ano, sem medicamentos nem
regime severo. Esta foi só uma das grandes mudanças, as demais foram se
desencadeando à partir daí.
Detalhe de um dos painéis de Vera
Para apreciar mais trabalhos de Vera, acesse:
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* No final do outono, quando as noites vão ficando mais longas, a natureza
e o próprio homem dão início a um impulso de contração e
interiorização. O friozinho convida à introspecção e à busca da nossa
luz interior.
Na Educação Infantil essa época é vivenciada lindamente durante a Festa da Lanterna, quando os pequenos percorrem a escola depois do pôr do sol carregando lanternas que ajudaram a confeccionar. O pequeno facho que levam com tanto zelo simboliza a luz de cada um, que precisa ser cuidada, mas que também pode ajudar a iluminar o caminho do outro.
Nas semanas anteriores à festa, as crianças vivenciam intensamente os preparativos para o momento da procissão, cantando canções e ouvindo a história da Menina da Lanterna, que no grande dia é encenada pelos pais dos alunos que irão para o Ensino Fundamental no ano seguinte.
Na Educação Infantil essa época é vivenciada lindamente durante a Festa da Lanterna, quando os pequenos percorrem a escola depois do pôr do sol carregando lanternas que ajudaram a confeccionar. O pequeno facho que levam com tanto zelo simboliza a luz de cada um, que precisa ser cuidada, mas que também pode ajudar a iluminar o caminho do outro.
Nas semanas anteriores à festa, as crianças vivenciam intensamente os preparativos para o momento da procissão, cantando canções e ouvindo a história da Menina da Lanterna, que no grande dia é encenada pelos pais dos alunos que irão para o Ensino Fundamental no ano seguinte.
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